Na simbologia e ritualística das lojas maçônicas, os diáconos ocupam um lugar único, muito além de simples presença em loja. Suas origens remontam à Maçonaria Operativa, como registrado no Primeiro Estatuto de Schaw, de 1598, que destacava a relevância dos “Vigilantes, Diáconos e Mestres” no ofício. Essa menção antiga revela que, desde os primórdios, os diáconos já eram peças fundamentais no funcionamento da ritualística maçônica.

Funções e Hierarquia dos Diáconos

Na estrutura hierárquica de uma loja, os diáconos aparecem logo após as três luzes. O Primeiro Diácono como braço direito do Venerável Mestre, enquanto o Segundo Diácono apoia o Primeiro Vigilante. Eles ocupam, respectivamente, o quarto e o quinto lugares na linha de sucessão, o que sublinha sua importância na gestão da loja. Mas o papel dos diáconos vai além da hierarquia. Eles são os responsáveis por transmitir mensagens, ordens e orientações durante as reuniões, garantindo que a comunicação flua harmoniosamente e que a harmonia prevaleça no ambiente da loja.

O Simbolismo dos Diáconos

Um dos símbolos mais marcantes dos diáconos, especialmente nos ritos praticados no Brasil, é o pombo com um ramo no bico. Essa imagem, inspirada na narrativa bíblica de Noé, remete ao momento em que o pombo retornou à arca com a prova de que as águas do dilúvio haviam recuado. Nas Grandes Lojas brasileiras, o símbolo ganha um triângulo ao redor do pombo, diferenciando o Primeiro do Segundo Diácono.

Esse símbolo reflete a essência dos diáconos como mensageiros, uma ideia reforçada pela origem da palavra “diácono”, que vem do grego diakonos, significando servo, ajudante ou portador de mensagens.

Outro símbolo, menos comum, mas igualmente significativo, é Mercúrio, o mensageiro dos deuses na mitologia romana. Em lojas britânicas mais antigas, os bastões dos diáconos muitas vezes exibiam a figura de Mercúrio, preservando a ideia de comunicação que define o cargo.

A Antiga Prática de Transmitir Ordens

No século XVIII, por volta de 1760, os rituais ingleses incluíam uma prática marcante no simbolismo: o Venerável Mestre sussurrava uma ordem ao Primeiro Diácono, que a passava ao Primeiro Vigilante. Este, por sua vez, a transmitia ao Segundo Diácono, que a levava ao Segundo Vigilante. Esse ritual destacava o papel dos diáconos como canais oficiais de comunicação dentro da loja.

Embora essa tradição tenha desaparecido na Inglaterra após a unificação das Grandes Lojas rivais, ela ainda vive em ritos como o REAA, funcionando como uma ponte viva com a história maçônica.

Diáconos Hoje: Entre a Tradição e a Modernidade

Hoje, em muitas jurisdições e rituais, os diáconos assumem responsabilidades que vão além de sua função original de mensageiros. Mesmo quando esse papel simbólico se dilui, a história e os símbolos que carregam continuam vibrantes, conectando os maçons modernos às raízes antigas do ofício.

Os diáconos são mais do que oficiais de uma loja — são guardiões da história, da tradição e da própria essência maçônica, lembrando-nos que cada detalhe dentro da loja carrega significado e propósito.

 

(Baseado no artigo de Kennyo Ismail)